sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sobre ir ao cinema

Outro dia falávamos de tolerância e de quanto é importante aceitar bem diferenças para conviver melhor no mundo globalizado que vivemos.
Vários temas surgiram. Cinema, música, idiomas, bailes funks, homossexualismo, e por aí vai.

Embora me sinta uma cidadã deste tempo, muito mais do que uma cidadã deste solo, confesso que tenho minhas birras em relação a algumas coisas. Explico.

Não tenho ido ao cinema. Embora ame a sétima arte, tenho razões de sobra para evitar. Ir ao cinema aqui em Brasília tem sido cada vez mais complexo.

Logo no estacionamento, que vem imediatamente após o engarrafamento para entrar lá, já se inicia uma guerra por vaga. As pessoas parecem possuídas. Quando o assunto é procurar vaga.... Minha gente! Todos dão vazão ao seu Dark Side Of The Moon Dart Vader Carie A Estranha Alien O Oitavo Passageiro.

Carai véi! (linguajar que combina bem com essa confusão). Que coisa humana, mundana, suburbana. Chega a ser detestável.

Continuando. Ai a gente estaciona. Uhuu! Que tudo! Coisa chique conseguir uma vaga. Parece coisa de britânico, seja lá o que isso for. Bom, então você pega o elevador e chega ao andar do cinema. Fom... Fila quilométrica. Aqui você usa seu auto-controle para não falar um palavrão.

Nesse momento, aproveitando o clima cinéfilo, você pensa no filme da sua vida e se pergunta: - "O que é que eu estou fazendo aqui? Só que esse já é o filme III - A Re-missão, porque você já vinha se perguntando isso desde o engarrafamento. Mas como você está de bom humor, hoje é sexta, deu tudo certo durante o dia, amanhã é sábado, você insiste e enfrenta a fila do ingresso e depois a da pipoca, afinal quem quer fazer dieta na hora do filme?

É melhor ir ao banheiro antes de entrar para não interromper o filme de ninguém e nem o seu, claro, durante a exibição. Em outras palavras, mais fila.
Então você entra na sala. Todo mundo misturado, os que querem apenas se divertir, relaxar um pouco e se entreter com uma história legal e, junto com esses, aquela galera. Aquela sabe? Mal educada, espaçosa, inconveniente, barulhenta, que chuta sua cadeira, enfim, sem noção nenhuma de nada.

É de lascar... Seu esforço por um programa legal vai por água abaixo. O humor termina antes do filme começar e o filme acaba virando um lixo, mesmo sendo digno de Oscar.
Nessa hora você lembra como é fácil e cômodo alugar um filme e ver em casa.Afinal todo britânico que se preza tem TV Full HD com tela quase cinematográfica na sala de casa.

Moral da história é que da próxima vez não haverá próxima vez.Até porque saber se comportar não está intimamente ligado a procurar de livre e espontânea vontade a oportunidade perfeita para mostrar como você é flexível e tolerante com as diferenças.

Esse negócio de massa, e o gosto dela, é muito bacana, bonito, poético até, mas em tratado sociológico. Freqüentar o mesmo espaço, propriamente dito, é completamente estressante para quem não curte as mesmas coisas. Eu num baile funk? Pode até ser, mas em outra vida. Nessa não.