quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A maternidade me faz feliz. Não é loucura, é opção


Outro dia vivi uma situação que me fez parar um pouco para pensar.
Na ocasião vivida uma amiga me disse:
“_Você é doida de pensar em ter outro filho! Sua filha já está grande. Olhe à sua volta, todas as mulheres estão ocupadas com seus filhos e você está à toa”.
Sempre fico um pouco incomodada com essa mania, horrível, de me chamar de doida. É verdade, eu ajo e penso diferente do ordinário. Fui assim a minha vida toda e é assim que gosto de ser. Não é loucura, é opção.
É preciso parar com essa mania, chata a propósito, de achar que todo mundo que pensa diferente da gente é doido. Num mundo diverso, globalizado e enorme como o nosso não cabe mais esse tipo de avaliação absolutamente equivocada, na forma mais amena possível de tratar o tema.
Depois das experiências que temos com todos os humanos diferentes, que à sua época eram chamados de doidos, mas que entraram para a história e que até hoje nos servem de referência isso já devia ter sido superado. Não foi. Tem gente que adora se agarrar ao tédio.
Bom, pulando essa parte, o que me colocou cismada mesmo foi o que se referia a estar à toa enquanto todas as mulheres estavam ocupadas com seus filhos.
Pensei na minha vida antes de ser mãe. Eu tinha tempo para estudar, viajar, namorar, ir ao shopping, ir a festas, fazer nada, trabalhar feito doida, enfim, fazer qualquer coisa que quisesse. Parecia tudo muito perfeito, bom e bem ajustado.
Mas quis a vida me conceder a graça da maternidade e toda minha existência mudou.
Agora havia um ser crescendo dentro de mim, vivendo de mim, que era eu, mas era outro.
Um fenômeno estupendo e emocionante. Da gestação ao nascimento.
Da Sofia em diante eu não estava mais só e alguém, realmente, precisa de mim.
Saber que ela se alimentava de mim enquanto crescia fez de mim outra pessoa. Desde que ela foi concebida, tenho, pelo menos, uma razão por dia para comemorar e agradecer. Essas razões são tesouros que tenho comigo para sempre.
A primeira vez que a vi me provocou uma emoção indescritível. Poder alimentá-la simplesmente não tem explicação.
Que perfeição o primeiro sorriso! Meu coração ficava cheio cada vez que ela mostrava a gengiva e a força desse sorriso era tão grande que ainda agora, ao lembrar, meu coração se enche de novo. Plenitude mesmo.
O despontar do primeiro dente e ela me mordendo desesperada como quem diz:
“-Mamãe, ta coçando. Socorro”.
E eu, feliz, pensava:
- Morde Filhota, já vai passar a coceira e mamãe adora ser seu coçador (acabei de inventar) de gengiva.
Tudo nela me inspirava, inspira amor.
Que tempo precioso o gasto com os banhos na banheira quentinha e cheirosa de neném!
A “confusinha”, porque ela era pequena demais para fazer confusão, com brinquedos de borracha que ganhavam vida tão logo ela entrava na água. Aliás, tudo ganhou vida depois que ela nasceu.
Seu tamanho foi mudando e a “piquinúcula-minúcula” mãozinha foi se transformando numa pequena mão capaz de me fazer o melhor carinho que eu jamais recebi.
Um belo dia ela realizou que papai e mamãe estavam fora dela. Só quem vive isso pode entender.
Sua fala se desenvolveu rápido e o vocabulário certinho e bem usado sempre causa espécie.
Mas não faltou a ela o vocabulário infantil. Feliza quaquá. Vião, vião, vião! Onticom, vôler, louve... Enfim, como eu disse, uma razão por dia para festejar
Minha filha nunca me ocupou, nunca me deu trabalho, nunca me atrapalhou. Qualquer tempo com ela é uma dádiva. Ser seu alimento, ouvir seus primeiros sons, ver seus primeiros passos... Tudo dádiva.
Olhar para ela e saber que ela saiu de mim me faz pensar que a vida, a natureza, o universo ou um Deus, se houver, gostam tanto de mim e me acham tão especial que me proporcionaram a alegria de ver sair de mim Sofia, mas não só. Posso vê-la crescer e compartilhar tudo com ela. Tenho uma parceira de vida, de shopping, de cinema, de sorvete. Uma companheira.
Sou a mãe de uma maravilha! Minha filha é uma maravilha.
Nada do mundo é capaz de descrever o amor profundo que eu sinto por ela e esse sentimento é maior a cada e sempre será assim.
Por isso, o desejo de ter outro filho. A maternidade me faz feliz.
Claro que não sobra muito tempo para ficar conversando sobre a nova bolsa X ou o novo sapato do estilista Y. Mas isso está longe de ser significativo como é a mão da minha filha dentro da minha.