quarta-feira, 24 de março de 2010

Calcinha é pano

No dia que a Jade me disse essa frase eu fiquei pensando: “Nossa, isso nunca me ocorreu!”
E assim, como não havia me ocorrido antes, também não deve ocorrer a tantas outras pessoas.
Na faculdade eu tinha um professor que repetia um professor dele dizendo que “o óbvio gritante depende do grau de surdez do interlocutor”. Fato.
Enfim, calcinha é pano, mas tem gente que acha que calcinha é qualquer coisa, tudo o que o imaginário pode criar, mas pano? Pano não.
Certa feita uma atriz global apareceu em um evento sem calcinha e deixou à mostra muito mais do que o tal pano. E na semana seguinte, ou seguintes, esse foi o assunto de toda roda.
Um ex-presidente do Brasil por pouco não foi banido do planeta porque uma modelo (ou algo assim) apareceu ao lado dele no carnaval, também sem o pano.
Os jornais do mundo todo caíram matando no pobre homem, presidente, é fato, mas solteiro, e certamente vestido em sua cueca. Felizmente o mundo dá voltas e um membro do parlamento inglês foi encontrado morto por asfixia no seu apartamento vestido de calcinha e cinta liga logo depois do ocorrido.
No mesmo período o presidente dos Estados Unidos da época também foi motivo de escândalo envolvendo o tal pano o que nos leva a concluir que tão pouco pano dá pano pra manga.
Mas não vamos fazer muitas digressões, até porque de calcinha eu, como usuária, ainda que eventualmente prefira não usar, entendo, e como entendo.
Existem vários tipos dessa peça.
Há aquelas que carinhosamente chamo de calcinha de coar café, porque é exatamente com isso que elas se parecem e quem me ensinou essa definição foi minha professora de artes sensuais. Isso mesmo, já tive uma.
A mulher passa anos usando a tal peça e um dia se vê perguntando: “Porque meu marido me pediu o divórcio?” Pois é, minha gente, calcinha não é só pano. Na verdade até pode ser, mas tem que ser O pano.
Tem as super sexy, essas assustam um pouco os menos avisados. Ainda nesse campo há os que acham que elas estão reservadas apenas aos momentos de intimidade, sem considerar que uma mulher tem todo direito de estar sexy apenas para se sentir sexy, não para mostrar a quem quer que seja.
Há aquelas de estimação, normalmente são só panos mesmo, panos feios, furados e cheios de bolinha, que algumas mulheres fazem questão de manter na gaveta quase como uma peça de antiquário. Bom... Cada um é cada qual.
Mas o pano que dá mais pano para manga é de longe a calcinha da bailarina de dança do ventre. E como dá.
Ô gente, sem assunto, que obriga quem tem assunto, e muito, a se manifestar a respeito da coisa porque o bafafá é grande.
Em um festival da Luxor a convidada egípcia deixou aparecer a calcinha dourada e pequena, como se deve, vale salientar. Com aquela calcinha não seria possível coar um café.
No dia seguinte a calcinha da moça era tema. Um falatório chato. Certamente provocado por aquelas que preferem usar as de estimação.
Não me contive e soltei: “Gente, calcinha é pano. Eu fui ver a dança, vi e amei, quem foi ver calcinha viu, não amou e perdeu a dança que foi linda”
Jade e eu, em uma ocasião, dançamos no Rio e todo mundo jura que ela estava sem calcinha e que deu para ver tudo, tudo que não era pano. Outra situação lamentável. Ela estava usando calcinha, mas também não era de coar café. Minha amiga tem bom senso. Uma bailarina de dança do ventre usando calcinha de freira é no mínimo, patético, mas há quem use, goste e saia falando de quem usa o adequado.
Bom, para resumir a ópera, o que deve de fato ser feito é tomar-se todo cuidado para que não apareça, mas se aparecer seu dia não pode acabar por isso e nem as pessoas passarão a ter direito de rotular você de isso ou de aquilo só porque o pano apareceu e não devia.
Há assuntos sérios no mundo que precisam ser revistos, discutidos e modificados e enquanto houver gente se ocupando da calcinha dos outros para preencher o tempo inútil que possui vamos continuar reinventando a roda todo dia.
Sei que conselho não se dá, porque se fosse bom mesmo nós o venderíamos, então vou dar uma dica.
Quando for ver uma dança preste atenção na dança, quem sabe com alguma sorte você acaba vendo a calcinha da bailarina e assim chega tão perto de uma diva quanto é possível a um mortal comum chegar. Se a diva é você use uma saia fechada (que eu não gosto muito, mas há quem aprecie) ou um short, assim você mantém a distância que uma diva deve manter dos mortais comuns. E não vamos mais dar pano para manga, afinal, calcinha é pano, mas é um pano especial... Pelo menos alguns.

Um comentário:

  1. Confesso ser uma aficionada por este pedaço de pano. Ele tem o poder, como tantos outros itens do vestuário feminino, de nos fazer pensar que, usando uma determinada calcinha , seremos capazes de dominar o mundo! Mesmo que ninguém saiba, que ninguém veja, basta apenas que a gente saiba!!
    Adorei, Tete! Haja pano pra falar desse pano!
    Beijo

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