quarta-feira, 10 de março de 2010

Este era o texto do meu perfil quando eu tinha Orkut. Muita gente me pede para usar. Usem à vontade, mas, por favor, citem a fonte.

Gosto das palavras, tenho fascinação pelo efeito que causam e acho covardes os que as usam como pedras com essa intenção e estúpidos os que as recebem como quando não há intenção. Deixo as metáforas aos que não sabem ser claros. Uso-as não para envenenar nas entrelinhas, mas para colocar flores em dizeres aparentemente áridos. Deixo os dogmas aos engessados, incapazes de se modificar todo dia, que envelhecem sem jamais terem sido jovens. Deixo para a horda medíocre o eterno caminhar atrás do vazio, confiantes de que há ali algum conteúdo, às vezes nem isso a não ser o ir por ir. Não quero nada nebuloso. Gosto de gente transparente, mas não óbvia, que se pode enxergar sem jamais conhecer a profundidade que tem. Como lagos no fundo das minas que não tem vento em volta, olhamos para ele, sabemos que é lago e nos parece espelho, vemos o fundo, mas não sabemos quanto é necessário aprofundar-se para chegar lá ou sequer se podemos. Calúnia? Sim do Botticelli. É lindo ver a verdade nua e o juiz asno. Nudez? Sim da Vênus, também dele. É aquela nudez desconcertante, intangível, a expressão no rosto nos hipnotiza e não queremos olhar mais nada, por ali já se vê tudo. Sou alegre, às vezes triste e meu poema faço com movimentos. Gosto do bom gosto, gosto do bom senso, gosto dos bons modos e estranho que cantem que não gostam. Nem toda unanimidade é burra. É impossível não concordar unanimemente com o belo. A dialética é um sofisma. Irrito-me com a insistência em querer me convencer que é possível que coisas qualitativamente diferentes, ainda que quantitativamente iguais possam virar uma terceira una. O Georg Wilhelm Friedrich Hegel é estranho, o Karl Popper também, mas pelo menos o segundo concorda comigo. Penso logo me engano, minhas verdades podem mudar todo dia, meus valores não.
Quero o melhor do mundo, quero o melhor da vida. Ser feliz é importante sim.
Tenho um tesouro. Feito, esperado, tido e criado com amor. Morreria por ele.
Às vezes um oceano me afasta do quero, às vezes o que quero me afasta do que quero, às vezes não quero, apenas para poder dormir com o sorriso dos que se deitam acreditando que a vida é cor de rosa. Sigo em frente, aconteça o que acontecer. Passo sem ver os vigias que catam a poesia que entorno no chão. Te encontro pela vida. Te deixo com Chico Buarque. Eis aí alguém com quem se estar é mais que bom. As almas elevadas se modificam toda vez que prestam atenção aos seus versos.

“Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto, quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto , pra seu grande espanto, conviou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E, cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o di amanheceu em paz.”

2 comentários:

  1. Nossa!
    Estou emocionada!
    Nunca vi tanta inteligência, doçura e cultura reunidos em uma só pessoa.
    Só quem te conhece para saber que sim, trata-se da Cláudia Cozer.
    Parece que não existe tempo ruim pra você.
    Pessoa, você é muito iluminada!
    Adorei!!!
    Beijos e saudade!!!!
    Renata

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  2. Gosto tanto!
    bjo
    Chouchou

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